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Posts Tagged ‘baile de máscaras’

conexões francesas 011

Quem diria que a maior festa celebrada no país tem origem na França? E de que a quadrilha dançada na festa junina era uma dança de casamento popularizada na corte francesa? Estas e outras histórias sobre o dedo francês em nossa música, teatro e festas foram exibidas no SESC Tijuca, no Rio de Janeiro, entre 26 de Maio a 28 de Junho. O público pôde conferir uma linha do tempo desde 1500 até os dias hoje contando um pouco do que herdamos da França. O evento fez parte da comemoração do ano da França no Brasil e teve como base o acervo fotográfico e de áudios do Jornal do Commercio e da Rádio Tupi, do grupo Diários Associados, do lendário Assis Chateaubriand. Para quem perdeu a oportunidade de saber um pouco mais não fique triste, abaixo destacamos o que temos da conexão franco – brasileira em nossa cultura. 

 Carnaval: A festa foi trazida pelos franceses. No século XI já exisitiam as festividades antes da quarta feira de cinzas, data do início da quaresma na religião católica.  Os franceses foram quem deram elegância e brilho ao carnaval, o luxo aos bailes de máscaras que saíram dos salões da nobreza para as ruas de Paris, atravessou os mares e chegou às Américas. A festa nos Estados Unidos é conhecida como Mardi Grãs, celebrada em Nova Orleans. Para quem não sabe, o nome significa “terça-feira gorda” em francês.

O baile de máscaras foi adotado pela elite carioca da metade do século XIX. Na festa também eram feitas brincadeiras conhecidas como Entrudo, um costume popular trazido pelos portugueses no século XVII. Os primeiros bailes carnavalescos brasileiros tiveram lugar no Rio na final da década de 1830. Foram necessários mais de 60 anos, já com a liberdade conquistada na proclamação da República ( em 15/11/1889), para que os primeiros blocos carnavalescos, os cordões e os famosos “corsos” se tornassem populares.

            As primeiras notícias sobre o uso da serpentina surgem em 1893, um ano depois do confete. A ideia da serpentina surge com a brincadeira das telegrafistas francesas, que lançavam, umas sobre as outras, as fitas de papel azulado usadas nos telégrafos da época.

 Quadrilha: Surge com força no final do século XVIII. Na versão francesa era conhecida como a Neitherse, uma contradance que agradou o imperador Napoleão Bonaparte, que fez dela peça obrigatória dos grandes bailes de sua corte imperial. A versão francesa da dança ganha os salões do século XIX em praticamente todas as principais cidades do mundo ocidental. Com um toque teatral, a dança representa uma festa de casamento contada através das evoluções da coreografia, daí a existência do narrador que comenta a ação e dita os comandos em francês para a evolução da dança.

            No Brasil, a quadrilha causou grande Frenesi nos salões do século XIX. Logo ocorre a fusão cultural e a quadrilha que deriva da polca, ganha ritmos do maxixe e depois do baião. Foi mantida com com narrativa francesa a representação de um casamento, embora de forma debochada, além de inserir noos elementos na narrativa como o padre e o pai da noiva. No interior do Brasil, principalmente no nordeste, a quadrilha tem mais força que o Carnaval.

Música: A importante influência francesa na cultura brasileira tem na música um dos seus exemplos mais marcantes. Na música erudita o compositor francês Claude Debussy  provoca uma revolução com sua nova divisão rítmica. O maestro Heitor Villa Lobos fora um dos seus seguidores, que por sua vez influenciou Dorival Caymmi e Tom Jobim.

            A influência francesa de Debussy está em o mar”( ouça aqui na versão da banda Vanguart), composição de Dorival Caymmi, que resgata o cancioneiro popular e abre portas para a liberdade harmônica da música popular brasileira.

            A música dos chansonieres franceses introduziu a musica de fossa, ou mais conhecida como “ dor de cotovelo”. No Brasil a cantora que melhor representou este estilo musical foi Maysa Matarazzo. Muitas intérpretes brasileiras como Ângela Ro Ro e Alcione já cantaram a música francesa mais famosa no Brasil, ne me quitte pás (ouça na voz de Maysa), de Jaques Brel. A versão francesa mais conhecida é na voz de Edith Piaf.

Um dos cantores franceses mais populares da França é Charles Aznavour, que se apresentou no Brasil pela primeira vez em 1959, em apresentação no Teatro Copacabana. O cantor, em sua turnê de despedida em Abril de 2008, declarou seu amor ao Brasil e retornou ao país em Setembro para fazer mais sete shows.

 Teatro: A França influenciou mundialmente o teatro e um dos templos irradiadores é a Comédie-Française, fundada por decreto de Luís XIV, em 1680. O nascente teatro brasileiro tem forte influência francesa, com encenações de peças que faziam sucesso em Paris. A comédia Moliere, pseudônimo de Jean Baptiste Poquelin, influenciou escritores brasileiros como Martins Pena e Artur Azevedo. A atriz francesa Henrriete Morineau participou do movimento de profissionalização do teatro brasileiro e teve papel fundamental para consolidação do teatro no país.

            Vaudeville, chamado Alcazar Lírico, na rua da Vala, atual Uruguaiana, deu origem ao teatro de revista. Eram espetáculos apresentados em francês e português e tinha uma diversidade de números apresentados em uma só noite. É nesta época que entra em cena o Can Can.

 A família Real trouxe para o Brasil a tendência de importação da moda e de costumes franceses. Até a água vinha da França. O Rio do Império, assim como a Europa, rendeu-se aos artigos e bens culturais franceses, incorporando vestimentas, adereços, perfumes, assim como música e teatro. 

 Por Lorena Dillon

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