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"Projetos de artistas" - Pierrick Sorin

"Projetos de artistas" - Pierrick Sorin

 

A exposição Meias Verdades foi mais uma iniciativa do governo francês e do governo brasileiro que demonstra o compromisso dos dois países com o Ano da França no Brasil.

 A exposição aconteceu no espaço Oi Futuro de 28 de abril a 28 de junho e mostrou as criações mais recentes de três grandes artistas contemporâneos franceses: Sophie Calle, Valérie Belin e Pierrick Sorin.

 De maneira geral, Meias Verdades exibiu uma França inquieta com sua própria história, que busca outras culturas para se aprofundar e enriquecer. O objetivo da exposição está de acordo com a iniciativa do Ano da França do Brasil, fornecendo o intercâmbio entre a cultura européia e a brasileira, desde o clássico até os pós-modernos.

 Calle, Belin e Sorrin são artistas consagrados não apenas na Europa, mas ao redor do mundo. As três partes da exposição, uma de cada artista, abordam o limite entre o que é real e o que é ficção, lidando com a normalização da mentira e com o processo de verossimilhança que perpassa a verdade.

 Valerie Belin

 

Foto de Valerie Belin - Exposição "Meias Verdades"

Foto de Valerie Belin - Exposição "Meias Verdades"

 

 A autora mostra uma séria de fotografias em grandes dimensões que desvitalizam o objeto fotografado. A maioria das fotos é de modelos, são rostos que transmitem uma beleza, mas não uma beleza humana. A expressão está ausente em todas as fotos e o olhar lateral de todas as modelos impede o contato direto com o olhar do público. As modelos chegam a parecer bonecas arrepiantes, bonecas muito bem feitas. Os retratos de Belin remetem bastante a personagens do mundo virtual, como Second Life. O público pode ter a impressão de que aquelas pessoas das fotos perderam seu lado humano, sentimento que é fortalecido quando se alcança as fotos que mostram pedaços de máquinas.

 Para a curadora da exposição Ligia Canongia, “Ao inverso da operação dos manequins – seres vivos tornados apáticos -, as máquinas se apresentam como organismos dinâmicos, recontextualizados em um mundo de luz”, compara Canongia. A crítica da artista ao mundo em que vivemos é clara. Os homens transformados cada vez mais em máquinas, padronizados e programados e as máquinas cada vez mais humanizadas, relevantes até mesmo para o desenvolvimento de nossos sentimentos.

 Pierrick Sorin

 

"Retrato de cidade" Pierrick Sorin

"Retrato de cidade" Pierrick Sorin

 

 O artista mistura verdade e imaginação fazendo uma sátira da vida contemporânea. De forma humorística faz um comentário satírico sobre a condição humana e a condição do artista no mundo atual. Esta parte da exposição Meias Verdades contava com duas instalações videográficas em que Sorin é o único ator.

  “Retrato de cidade” é um quadro animado de formato panorâmico que mostra vários barquinhos navegando sobre um rio parado, uma mistura de animação com realidade incrível! O artista representa 60 personagens diferentes que viajam nos barcos. Cada barco é como se fosse uma cena, e cada cena tem um significado. As vezes retrata um fato importante da história francesa, outras faz uma crítica direta ao sistema capitalista.

 A segunda instalação videogrráfica, “Projetos de artistas” foi feita em forma de vídeo reportagem. O filme finge ser um programa jornalístico que fala sobre arte contemporânea. Ao mesmo tempo em que Pierrick Sorin critica a mídia ele critica também o fazer artístico e consequentemente o processo de divulgação da arte através da mídia. Na falsa reportagem Sorin representa sete artistas apaixonados por novas tecnologias e intervenções em espaços públicos.

 Pierrick Sorin faz uma dura crítica ao monopólio do discurso jornalístico, da arte e da política.

Sophie Calle 

 O trabalho da artista apresenta um registro de memórias do vivido através da construção de narrativas em diversos meios: literatura, fotografia, vídeo e instalação. Calle pretende quebrar qualquer ordem estabelecida. Para a exposição do Oi Futuro a curadora Ligia Canongia escolheu o filme longa metragem de 1992 “Double mind”. A artista foi uam das grandes participantes da Bienal de Veneza de 2007.

 O longa metragem que estava a mostra foi uma parceria da artista com Gregory Shephard e pode ser caracterizado como uma espécie de diário íntimo dos dois durante uma viagem de carro de Nova York à Califórnia. A dupla se revezou com a câmera e registrou suas emoções e sentimentos verdadeiros, mas o que garante mesmo o ar de diário é a narração de Sophie Calle como uma narradora onisciente. As análises da narradora levam o espectador a pensar sobre os limites do vivido e do não vivido.

 A artista pode ser admirada pelo resultado do seu trabalho, mas também pela sua capacidade de se colocar como personagem, autora e narradora em uma obra.

Júlia Bertolini

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